quarta-feira, 8 de julho de 2009

Equador, metade do mundo

“ Cotopaxi o vulcão mais alto da terra”

Vínhamos subindo a montanha com a pressa dos jovens, por algumas poucas horas passamos pelo bosque dos pinheiros, os raios do sol cruzavam pelas frestas das copas muito altas.
Ainda era cedo, e a vegetação se transformava em pequenos arbustos retorcidos pelo vento, mais a diante as rochas imperavam na paisagem, pedras e pó por muitos kilometros.
Ao descer do carro vimos muitas flores bem junto ao chão desértico,pequenos milagres da natureza ,regadas pelo orvalho da madrugada.
Continuamos eu e meus companheiros , caminhando rumo ao topo, pouco mais a frente
a trilha se tornou estreita e íngreme, o vento zunia anunciando uma tempestade.
Cansada fiquei para traz.
Em poucos minutos as nuvens invadiram trazendo uma nevasca fina e gelada, eu não via mais meus companheiros , nem mesmo meus braços esticados.
Pensei em voltar, mas o vento forte me empurrava, não pude parar, na certa congelaria.
Os 50 minutos de escalada pareciam inúmeras horas , toda uma vida me passava à cabeça, tristezas e alegrias, fracassos e vitórias.
Quis retornar mais uma vez, era tarde.
A terra pulsava sob meus pés como uma montanha viva que parecia querer gritar.
Mais um pouco , pensei, só mais um pouco.
Então passei as nuvens ,mal pude acreditar no azul do céu tão límpido contrastando com a neve ofuscante do cume.
O sol forte sorria ao frio cortante como navalha na pele.
Tirei a jaqueta molhada e sentei-me exausta à beira do penhasco.
E num imenso mar de nuvens meus olhos mergulharam .
Aos poucos minha respiração se aquietava, o vento soprou mais calmo, e lentamente abriram-se as nuvens como uma cortina desvendando distante o horizonte que podia se ver lá longe outras cordilheiras iluminadas pelos raios do sol.

E no silêncio, lágrimas diziam.

Com firmeza e perseverança se vai ao topo, mas é a humildade perante todas as manifestações da natureza que nos leva à luz.

Fedra

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